quarta-feira, 26 de junho de 2019

Filhos de um mesmo Deus

É triste constatar que debaixo do céu da existência todos sejamos frutos do mesmo ser criador e ainda não tenhamos entendido isto. Lindos são os discursos que empoderam as religiões, porém nos afastam do Mandamento Supremo do “amai-vos uns aos outros”!

Sabemos que, na Lei do Livre Arbítrio, haverá o momento de reequilibrar as ações. Tal certeza não deve nos fazer esperar calados uma justiça superior. Da mesma maneira que não podemos nos intitular agentes das correções alheias. Em outra palavras, nem devemos acatar, em silêncio, as atrocidades que desferem contra as nossas crenças, assim como não é lícito retribuir os ataques com iguais instrumentos.

Em uma linha muito tênue entre se resignar e fazer justiça com as próprias mãos está o caminho do aprendizado.

O intelecto humano é capaz de assimilar conceitos fundamentais como a gênese divinal do homem; consegue entender que, em que pesem algumas diferenças mitológicas, somos oriundos de uma mesma Força Superior, o que nos torna, em tese, irmãos da mesma caminhada chamada vida.

Se por um lado este fator racional possibilita-nos construir as relações sociais pautadas em Instituições de fé como as religiões, somos desbaratados quando desvinculamos a compreensão teórica do maremoto emocional que nos faz defender as nossas convicções. Somos avassalados pelo desequilíbrio das tentativas de convencer os outros de que somente aquilo que cremos é o que se aproxima mais da verdade. E para tanto, somos capazes de tudo. Há casos, inclusive, onde a violência ultrapassa as raias dos discursos e se transforma em atos.

Vivemos isto desde sempre, mas com o advento das notícias on line, on time, parece-nos que os casos aumentaram sobremaneira. Pelos mais diversos canais de informação vemos crescer o número ações de intolerância. Em nome de um mesmo Deus criador, homens se arvoram o direito de serem mais dignos do reconhecimento da sua linhagem divina que outros. Colocam por terra todas as doutrinas convergentes da origem da raça e terminam por dar testemunho contrário a tudo que o Senhor Jesus nos deixou de legado: no amor ao próximo!

“Até quando” tem sido a minha constante indagação diante de tantas atrocidades cometidas em nome do Pai. Certamente para tudo há um propósito e ao termos que viver e conviver com tamanhos disparates é porque está em nosso destino aprender com os conflitos.

Filhos de fé, a Umbanda nos chama na resistência, não mais da chibata das senzalas, mas na construção de uma história digna. A bandeira de Oxalá tremulará sempre que houver de nós o comprometimento com o reto agir, longe das distorções de uma falsa liberdade que gera problemas de identificação em nosso meio. Se outras denominações religiosas nos criticam pelo que veem (a aparência), reflitamos que para além do que deixamos transparecer para ter que demonstrar.

Dirigentes espirituais, médiuns, e toda a palheta de irmãos que pisam no terreiro temos a obrigação de refletir a luz divina que em nós habita. Deixemos de lado as “picuinhas” geradas a partir das diferenças de ritos para nos unirmos a uma causa muito mais nobre: a honra de nos levantarmos diante de todos e dizermos “sou umbandista”! Axé.

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