Ainda que tenhamos tantos
despreparados e/ou desinformados, vemos surgir, desde o final do
século passado, um interesse grande por nossa amada religião de
Umbanda. Tenho, na medida do possível, acompanhado os eventos
relacionados às religiões de matrizes africanas e vejo, com
excelentes olhos, como, pouco a pouco, vamos angariando mais
admiradores (ou pelo menos, mais pessoas tendo a oportunidade de
aprender sobre nossas práticas, fundamentos e preceitos).
São palestras, lançamentos de
livros, peças teatrais, eventos públicos e o mais variado tipo de
divulgação.
Ontem, por exemplo, fui assistir “Exu
– a luz no caminho”, com a Companhia Teatral Meraki. Tema difícil
e denso, ao mesmo tempo que fascinante e profundo que nos faz vibrar
na alma a exaltação da vida! São iniciativas como estas que buscam
desmitificar o “pré-conceito” do peso que a História jogou em
nossas costas com relação não só à “Esquerda” como a todas
as manifestações espirituais vinculadas aos Orixás e Entidades de
Luz que trabalham nas Tendas e Terreiros.
Permitam-me um jogo de imagens para
prosseguir com minhas reflexões. Todos conhecemos os famosos três
macaquinhos, não é mesmo? Então: com relação a tudo que estou
dizendo, persistem ainda os que abrem a boca (macaquinho 1) para
falar sobre o que desconhecem, tudo isso porque ouviram dizer
(macaquinho 2), sem pelo menos tentar abrir os olhos (macaquinho 3)
para conhecer.
Quem de nós nunca ouviu um irmão da
caminhada falando impropérios sobre a religião, sem ao menos ter
certeza do que fala? Sem contar com os radicais – estes nem
mencionamos – que tão obtusos são incapazes de compreender
qualquer coisa para além do seu “mundinho”!
Outro dia, pasmem, duas pessoas
conversavam. Uma era umbandista e a outra era neopentecostal. O
diálogo se tornou surreal (ou superreal) quando o umbandista
mostrava para a pessoa que professa a fé através da Escritura
Sagrada coisas que ela desconhecia do único documento que,
teoricamente, tinha que conhecer: a Bíblia.
Sendo assim, nossa missão está no
terreiro sim. Nosso aprendizado está no convívio e contato com os
entes de luz que nos brindam com suas vibrações e seus
ensinamentos. Nossa fé cresce pela prática e dedicação.
Entretanto, não devemos nos esquecer de que também é nossa tarefa
difundir com conhecimentos e fundamentos a nossa religião. Outros
que ignoram ou desconhecem só poderão tecer opiniões diante do que
lhes é passado. Se vemos, inclusive, dentro de casas de nossas
coirmãs (e dentro de nossos terreiros de Umbanda mesmo),
divergências e polêmicas que geram brigas e intrigas, como podemos
exigir que os demais nos respeitem? Pensemos nisto quando começarmos
a criar problemas ou apresentar embates. Façamos a nossa parte,
deixemos que a vida se torne mais leve e livremo-nos do mal que
corrói a alma. Nossa voz se perpetuará no ritmo dos atabaques, na
ginga dos versos dos pontos e na Força de nossos Orixás. Saravá,
Umbanda, saravá!