Alguns
dias atrás, andava pelas ruas do meu bairro e comecei a reparar, ao
redor de um raio de uns 500 metros, mais ou menos, de onde moro, a
quantidade de Centros de Umbanda – e sua variação de
nomenclaturas dadas. Sem exageros, contei oito casas.
Falava
sobre esse fato com alguns irmãos de fé e comentava sobre o aumento
de Casas que estão abrindo, pelo menos no Rio de Janeiro e é sobre
este tema que aqui trago algumas reflexões.
Alguns
estudiosos dos temas das religiões de matrizes africanas, como é a
nossa Umbanda, muitas vezes, foram enfáticos ao afirmarem (e é de
conhecimento geral) que, durante muito tempo, tais religiões
sofreram – e sofrem – perseguições e críticas veementes por
parte de alguns desconhecedores das estruturas, da história e das
raízes e das práticas religiosas das Casas que tem por fundamento o
culto aos Orixás.
Como
consequência, muitos terreiros, ilês e tendas foram fechados por
não suportarem repressão e rebeldia.
De
um tempo para cá, temos percebido uma “retomada” do movimento de
expansão (ou será exposição?) das religiões afro-brasileiras. Os
fatores são muitos, entre eles o incremento de publicações ligadas
aos temas, bem como maior divulgação da história, fundamentos e
práticas através da internet. Não é raro encontrar sites, redes
sociais e blogs falando sobre Umbanda, oferecendo cursos,
apresentando suas Casa e convidando para as cerimônias, festejos e
giras em geral.
Se
por um lado tais mídias podem funcionar como desmitificadores,
propagadores e reveladores, por outro, podem oferecer o perigo da
não-veracidade das informações por parte dos que buscam ler.
Toda
e qualquer religião apresenta estes dois lados da moeda. Não nos
enganemos! Há os que devotam com seriedade os seus ofícios e são
possuidores de conhecimento fundamentado e, por tal razão, são
verdadeiros representantes das doutrinas que professam. Entretanto...
(ah, esse entretanto…), existem os aventureiros, os charlatões e
os aproveitadores das dores alheias.
Não
nos cabe julgá-los, pois certamente responderão diante de Deus-Pai
sobre ações. Mas, retomando a observação do início de minha
reflexão sobre a quantidade de terreiros abrindo, fica o alerta.
Feliz por ver que podemos, em pleno século XXI, continuar nosso
caminho religioso, mas não eufórico (pois a euforia tira o estado
da razão) para ter o discernimento de perceber a diferença do que é
sério e fundado daquilo que é engodo.
Ainda
há um longo percurso, mas com a nossa fé em Pai Oxalá e sua
bandeira, havemos de ter mais e mais vitórias.
Axé
para todos, sob a Luz e Proteção Divina.