quarta-feira, 8 de junho de 2016

Feliz, mas não eufórico

Alguns dias atrás, andava pelas ruas do meu bairro e comecei a reparar, ao redor de um raio de uns 500 metros, mais ou menos, de onde moro, a quantidade de Centros de Umbanda – e sua variação de nomenclaturas dadas. Sem exageros, contei oito casas.
Falava sobre esse fato com alguns irmãos de fé e comentava sobre o aumento de Casas que estão abrindo, pelo menos no Rio de Janeiro e é sobre este tema que aqui trago algumas reflexões.
Alguns estudiosos dos temas das religiões de matrizes africanas, como é a nossa Umbanda, muitas vezes, foram enfáticos ao afirmarem (e é de conhecimento geral) que, durante muito tempo, tais religiões sofreram – e sofrem – perseguições e críticas veementes por parte de alguns desconhecedores das estruturas, da história e das raízes e das práticas religiosas das Casas que tem por fundamento o culto aos Orixás.
Como consequência, muitos terreiros, ilês e tendas foram fechados por não suportarem repressão e rebeldia.
De um tempo para cá, temos percebido uma “retomada” do movimento de expansão (ou será exposição?) das religiões afro-brasileiras. Os fatores são muitos, entre eles o incremento de publicações ligadas aos temas, bem como maior divulgação da história, fundamentos e práticas através da internet. Não é raro encontrar sites, redes sociais e blogs falando sobre Umbanda, oferecendo cursos, apresentando suas Casa e convidando para as cerimônias, festejos e giras em geral.
Se por um lado tais mídias podem funcionar como desmitificadores, propagadores e reveladores, por outro, podem oferecer o perigo da não-veracidade das informações por parte dos que buscam ler.
Toda e qualquer religião apresenta estes dois lados da moeda. Não nos enganemos! Há os que devotam com seriedade os seus ofícios e são possuidores de conhecimento fundamentado e, por tal razão, são verdadeiros representantes das doutrinas que professam. Entretanto... (ah, esse entretanto…), existem os aventureiros, os charlatões e os aproveitadores das dores alheias.
Não nos cabe julgá-los, pois certamente responderão diante de Deus-Pai sobre ações. Mas, retomando a observação do início de minha reflexão sobre a quantidade de terreiros abrindo, fica o alerta. Feliz por ver que podemos, em pleno século XXI, continuar nosso caminho religioso, mas não eufórico (pois a euforia tira o estado da razão) para ter o discernimento de perceber a diferença do que é sério e fundado daquilo que é engodo.
Ainda há um longo percurso, mas com a nossa fé em Pai Oxalá e sua bandeira, havemos de ter mais e mais vitórias.

Axé para todos, sob a Luz e Proteção Divina.