Se compararmos a religião de Umbanda com outras como o cristianismo, o islamismo ou o judaísmo, somos um “bebê” a engatinhar.
Sem entrarmos no mérito de algumas discussões sobre a ser a Umbanda uma religião milenar, de esferas superiores ou existente desde sempre no campo da força do Criador, fixemo-nos, em termos factuais, ao “surgimento” visível das práticas umbandistas.
Em outros textos aqui, no blog, ou em meus artigos na Revista do Leitor Umbandista (http://www.umbandavale.com.br/) já comentei sobre a necessidade de se ter uma data de “nascimento” da Umbanda para a sua legitimação. Mas o fato é que, se considerarmos os cultos das diferentes nações dos negros trazidos da África para o Brasil, a sua mescla, em um ato de sobrevivência e solidariedade, podemos dizer que a Umbanda tem algo mais de cem anos somente.
Em outras palavras, ainda estamos em formação!
Se por um lado, a sedimentação está longe de ser conhecida e reconhecida, por outro, temos a oportunidade de contribuir de forma efetiva para a sua consubstanciação.
Entretanto, toda moeda tem dois lados, não é mesmo? Vejamos:
Ser uma religião ainda em formação (como dizem alguns estudiosos e representantes religiosos) traz a chance de “desenhá-la” segundo critérios mais contemporâneos, voltados para as preocupações dos dias em que vivemos e buscando acertar incorreções das incompreensões e embates das demais expressões religiosas que insistem em nos atacar, por pura ignorância e desconhecimento de quem somos e o que praticamos.
Porém, como ainda não dispomos de uma unidade (de pensamentos), corremos o risco de uma determinada “liberdade” que esbarra com invencionices dolorosas para a nossa sedimentação.
Sendo mais direto no que digo – como sempre faço ao tomar exemplos vistos das redes sociais que acompanho –, dias desses li alguns informes sobre práticas “ditas” de Umbanda mas que, particularmente, estranham-me. Começam a informar sobre linhas de trabalho que causam espanto! Surgem dentro de alguns terreiros consultas com bruxos e feiticeiros, corsários e piratas e outros tantos que – confessando meu desconhecimento – já é difícil compreender o que é a Umbanda.
Diante de tantas dúvidas (reitero que são minhas), surgem algumas perguntas:
Não busco respostas, contudo, gostaria que aqueles que são as vozes da religião pudessem começar algum tipo de movimento para a nossa consolidação. Estaríamos nos afastando muito da vitória que a nossa história de resistência e fé nos trouxe?
Não há nada contra outras artes adivinhatórias, outras práticas místicas… nosso mundo é grande para abarcar tudo e todos. O que me motivou, neste alerta, é tão somente uma reflexão sobre quem somos e do que mais precisamos.
Sem ser o “arauto da sombra”, se não iniciarmos uma proposta de diálogo para compreensão da pluralidade da religião, corremos o risco de se passarem mais cem anos e os pretos-velhos, caboclos, erês, boiadeiros e outros serem somente uma lembrança de outrora.
Confio que chegou a hora de reavaliarmos sobre quem diz o quê e que autoridade pode ter para falar em nome de uma religião que não dispõe de dogma, mas precisa de organização.
Uma reflexão pertinente ao momento vivenciado
ResponderExcluirPrecisamos estar sempre atentos, irmão, pois de pedras já bastam as que nos atiram , não é verdade? Obrigado por sua participação .
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